Friday, February 6, 2015

Escolas : Leituras em Língua Portuguesa : Manuel A. Pina





Manuel António Pina (1943-2012)

"Os livros são para quem gosta deles..."

António Pina

É verdade! Assumo que escrevo pouco em Português. Segundo o perfil de leitores, assim vou escrevendo. Estados Unidos é o país de onde chegam a maioria substancial de leitores, seguido de França e Portugal.

Mas, sempre que considero apropriado, pelos temas ou recursos educativos, escrevo posts em Português como Achas que saber ler? entre outros, e mais frequentemente bilingues, Inglês e Português. É o caso, por exemplo de : Apps in Education : The Tortoise and the Hare in AREducational Apps : Math4you ; Escolas : Ciência e Robótica 2014só para citar os últimos posts publicados.


Depois do sucesso Livros e Pop singers : Estratégias para jovens leitores Leituras em Línguas Portuguesa ; Ler nas Aulas de Português : Vasco Graça Moura ; Antero de Quental: homenagem Google doodleentre outros, com propostas de leitura para ensino básico (2º e 3º ciclos) e secundário, decidi escrever sobre Manuel António Pina e os seus livros para adolescentes.






Manuel António Pina | caricatura LVeloso

Não pude escrever sobre Manuel António Pina, no momento do seu desaparecimento (2012). Inclui-o, no entanto no meu post World Poetry Day in school curriculum (2013).

Considero que não há momentos específicos para escrever sobre qualquer grande escritor de Língua Portuguesa.  Assim, aqui estou para deixar várias sugestões sobre leitura nas aulas de Lingua Portuguesa.

Ensino:

"Um livro escrito para crianças tem de visar as crianças, naturalmente, mas aguentar-se numa nova leitura quando essas crianças forem adultos".


Vergílio Ferreira


Falar deste escritor, a quem foi atribuido o Prémio Camões, 2011, e que tantos de nós lemos com os alunos nos currículos de Língua Portuguesa, por gosto e admiração, mais do que por obrigação de cumprimento de programas de leitura 'obrigatórias', tantas vezes tão descontextualizadas do perfil actual dos nossos alunos. 

Faço então uma selecção pessoal de obras que poderão ser adaptadas ao perfil/turma que cada professor lecciona:


  • Níveis de ensino: Ensino Básico : 1º ciclo ; 2º e 3º ciclos.
Eis então alguns livros de leitura juvenil de Manuel António Pina. E o seu primeiro livro foi “O país das pessoas de pernas para o ar”, publicado em 1973 pela editora Regra do Jogo, criada pelo autor para o efeito, dado que na “antiga Assírio e Alvim, ninguém quis”, explicou o autor.




Manuel A. Pina
Editores Tcharan (1973)

Um país onde as pessoas vivem de pernas para o ar.  Fazendo uso do humor e do nonsense, "O pais das pessoas de pernas para o ar" reúne 4 histórias divertidas: O pais das pessoas de pernas para o ar; A vida de um peixinho vermelho que escrevia um livro que a Sara não sabia ler; Um menino Jesus que não queria ser Deus; Um bolo que queria ser comido mas que não o foi por causa do pecado da gula.

Em cada história deste livro, que teve a sua primeira edição em 1973, Manuel António Pina, autor de um extenso conjunto de livros para crianças e adolescentes, surpreende-nos, e diverte-nos com as narrativas que apresenta. 






O Inventão, 1987 | Edições Afrontamento

"O Inventão" reúne vários textos escritos para uma série de filmes para televisão, que a RTP transmitiu entre 1979 e 1980, com o título genérico de "Histórias com Pés e Cabeça".

A obra recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian Melhor Livro Publicado em Portugal em 1986/1987, Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens (1988), uma  Menção Especial do Júri do "Prémio Europeu Pier Paolo Vergerio" da Universidade de Pádua, Itália (1988), Prémio da Crítica "Música & Som" (1981)

Uma nova edição (2003), com o qual se inaugura a Biblioteca Juvenil do Autor que a ASA lançou, tem ilustrações de Luiz Darocha e, para além dos textos da edição original, inclui «O Maior Intelectual do Mundo», que é agora pela primeira vez publicado em livro. 





Assírio & Alvim

"O Têpluquê e Outras Histórias" é um livro onde os jogos linguísticos e as derivações da imaginação servem de motivo para escrever contos fantásticos de escaravelhos contadores de histórias, personagens com nomes estranhos e pensamentos com vontade própria.

Nota: Plano Nacional de Leitura, 2º ano.






Têpluquê  e outras histórias | Cata Livros

Faz parte do projecto Cata Livros e está disponível para leitura interactiva. A não perder este recurso educativo de leitura digital que os alunos muito apreciam.



Manuel A.Pina | Ilustrações Pedro Proença
Assírio & Alvim, 2003

"Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães", fábula em Um Prólogo, Cinco Cenas e um Epílogo

Neste livro, o autor questiona seus jovens leitores sobre como seria a vida dos humanos se os animais fossem os seus donos. 

Trata-se, como refere o subtítulo, de uma fábula - com uma moral, portanto. 

"Chegou a hora do espanto!/ Chegou o grande momento/ em que tudo é fingimento!/ (...) Chegou a hora de rirmos/ de nós mesmos e dos outros!" E começa a história: "Numa terra muito distante/ (Deus nos livre que fosse aqui)/ o Rei era o Elefante,/ o Primeiro-Ministro o Sagui./ Não se podia ser gente ali:/ (...) Vida de pessoa era vida de cão." (...)

Nota: Plano Nacional de Leitura (3º, 4º, 5º e 6º Ano de escolaridade).





A história do Capuchinho Vermelho contada a crianças e nem por isso por Manuel António Pina segundo desenhos de Paula Rego, 2005

"A história do Capuchinho Vermelho contada a crianças e nem por isso por Manuel António Pina segundo desenhos de Paula Rego", adaptação do conto tradicional construída, como o título indica, a partir de desenhos de Paula Rego.

Não só o texto e as imagens se complementam como a história assume uma dimensão pictórica, na medida em que as cores da mancha gráfica destacam o discurso directo e indirecto, ou seja, as personagens e respectivos diálogos, a preto, e o narrador, a vermelho: 



Era uma vez uma menina muito, muito bonita que era, pode dizer-se com propriedade, a menina dos olhos de sua mãe e de sua avó.
(...)
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No jardim encontrou um vizinho que fazia jogging e que, quando a viu, se deteve, arfando, junto dela:
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- Olá, Capuchinho Vermelho. Então hoje a tua mãe não foi buscar-te à escola?
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- Olá, Sr. Lobo (o vizinho chamava-se Lobo, era muito simpático e, às vezes, passava lá por casa tomar chá com a avó). Não, hoje vim sozinha. Já sou uma menina crescida."
-----------
- Lá isso és, lá isso és...., disse o vizinho, olhando-a de alto a baixo.

in A história do Capuchinho Vermelho contada a crianças e nem por isso por Manuel António Pina segundo desenhos de Paula Rego


Níveis curriculares: Ensino Básico ; Ensino Secundário
  • Uma obra que proporciona diversos níveis de leitura (uma leitura imediata, para os mais novos (ensino básico).
Pode ser desenvolvida em actividade transcurricular Língua Portuguesa| Educação Visual.
  • Uma interpretação psicanalítica e funcional a quem tiver gosto nesse tipo de abordagem (ensino secundário).



Assírio & Alvim, 2001

Achas que os princípes e os feiticeiros são quase sempre as personagens dos livros? Pois bem, aqui nesta obra, os heróis são os números, as contas, os sinais de somar ou de subtrair. 

Manuel António Pina decidiu tratar estes elementos da matemática como gente. E é assim que o zero, os números negativos ou os números imaginários têm sentimentos, defeitos ou sonhos como qualquer um de nós. 

Soma
Não te fies em balelas
Nem somes mais do que a conta.
Às vezes muitas parcelas
Dão soma de pouca monta (...)
in Pequeno Livro da Desmatemática, Manuel A. Pina

Níveis curriculares : Ensino Básico, 1º ciclo

A experienciar em projecto transcurricular: Língua Portuguesa; Matemática.


Texto Dramático:

Passemos a outra abordagem, o texto dramático uma aprendizagem que cativa imenso os alunos.

Níveis de Ensino : Ensino Básico 3º ciclo ; Ensino Secundário 10º ano.



Companhia das Letras, 1988 | Teatro



Esta obra dramática, Aquilo que os olhos vêem ou O Adamastor, foi publicada em Novembro (1988), depois de ter sido levada à cena nos meses de Fevereiro e Março do mesmo ano.

Trata-se de uma história contada por uma personagem histórica, Mestre João, físico e cirurgião de D. Manuel e que, após longos anos no Oriente, regressa a Portugal.

Nessa viagem de regresso, ao passar o Cabo da Boa Esperança, narra os acontecimentos que aí testemunhara muitos anos antes. Na nau em que regressa da Índia, recolhe, perto do cabo da Boa Esperança, em Angra de S. Brás, um náufrago, Manuel, personagem ficcional que narra também ele uma história fantástica e terrível.

Centrada na acção das personagens, estas distinguem-se por não possuírem qualquer traço de heroicidade.

“Trata-se de uma obra híbrida, na medida em que se alia a ficcionalidade inerente ao texto literário em constante diálogo com os outros textos, e uma determinada verdade decorrente da congregação de elementos resgatados ao discurso da história” 

Sara Reis da Silva (Silva, 2005: 17)

  

História do Sábio Fechado na sua Biblioteca (2009)
Teatro

Um homem sábio julga que sabe as respostas para tudo, porque vive rodeado de livros cheios de conhecimentos. Ele bem gostaria que alguém lhe colocasse uma pergunta à qual ele não soubesse dar a resposta, mas isso nunca acontece. Quando sai cá para fora, para o mundo real, o sábio descobre que, afinal, os seus conhecimentos têm limites. Ou seja, nunca é possível saber tudo sobre o mundo.

Leitura Digital : A obra está disponível para leitura digital, recurso a não desperdiçar, sem prejuizo da leitura impressa. Os alunos poderão fazer leitura digital seguindo este link
  


História do Sábio Fechado na sua Biblioteca 
Pé de Vento 

A obra foi apresentada como peça de teatro para escolas pela companhia de teatro Pé de Vento (sediada no Porto) em 2008, e reposta em 2012 depois do autor ter sido galardoado com o Prémio Camões.

Mais tarde, a companhia teve em cena outra peça de Manuel António Pina "Os Macacos não se medem aos palmos"

Niveis curriculares: Ensino Básico

Minhas Considerações:

Peças de teatro divulgando livros de literatura infantil e juvenil é uma excelente actividade curricular para visitas de estudo. Saída para ir ao teatro, deve fazer parte das actividades curriculares. 

A aprendizagem activa dos alunos é feita com maior pertinência e a leitura do texto dramático torna-se mais autêntica. De grande enriquecimento curricular.

Está provado que saídas com o objectivo de enriquecer os curriculos, como idas ao teatrovisitas a museus, idas ao cinemaexposições e mostras sobre temas ligados aos currículos, são actividades pedagógicas altamente proveitosas para construir competências e adquirir aprendizagens dos alunos.

 

 Manuel António Pina | Prémio Camões 2011

Manuel António Pina é também um dos mais importantes poetas portugueses muito conceituado, embora os jovens o conheçam melhor como contador de histórias - texto narrativo.


Outros recursos: Ensino Secundário



  • Video:



Texto de apoio :


"Os livros falam na língua, do mesmo modo que a língua fala nos livros. “A língua que os livros falam”, belíssima expressão que preside a este Encontro, é e não é a língua comum da fala quotidiana. Se, por um lado, onde não fala o porteiro, deve calar-se o poeta (a expressão é de Umberto Eco), é igualmente certo que a palavra poética não se esgota na língua social. Permita-se-me que me interrogue então sobre o que a palavra poética seja, tentando identificar o que, nela, é [ou acho eu que é] fundamentalmente e hesitantemente infância da língua e que talvez explique a misteriosa sedução que a poesia [e uso aqui o termo ‘poesia’ como metonímia do vasto e problemático conceito de literatura] exerce nas crianças e naquilo que, de criança, persiste irremediavelmente em todos nós (mesmo se mais nuns que noutros…)

Manuel António Pina, Encontro sobre Literatura Infantil e Juvenil
Gulbenkian, Palavras de Trapos, 2008

Actividade:


Visionamento, leitura e debate sobre recursos educativos (video, excerto) para melhor compreensão do autor.



  • Níveis de ensino: Alunos Ensino Básico (3º ciclo) ; Ensino Secundário 

Minhas Considerações :

A leitura de obras integrais de conceituados nomes da Literatura Portuguesa nos currículos de Língua Portuguesa, bem como a divulgação de novos escritores é um dos momentos altos da integração do texto literário, nas suas diversas componentes. O sentido crítico dos alunos é desenvolvido 
através do gosto pela leitura no ensino, básico e secundário, e que perdurará no ensino superior (mesmo seguindo áreas de ciências), e em qualquer momento da vida adulta.

É também uma exelente actividade que promove outras competências : comunicação oral; escrita criativa; enriquecimento vocabular; regras gramaticais.

Polémico, mas pioneiro, de um estilo único, ousado, que leva o aluno a por em prática o sentido crítico, bem como as competências de leitura e compreensão de textos, e escrita.

A leitura torna-se assim uma “escolha pessoal” em que “a literatura não é um general e dançar na discoteca um soldado raso”. “São formas diferentes de felicidade”

Manuel António Pina


G-Souto

06.01.2015

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